quarta-feira, 15 de maio de 2019

Campanha de financiamento coletivo

Você sabia que um estudo revelou que 1 em cada 59 crianças tem autismo? E o que você sabe sobre autismo?
Todos os dias, mães e pais me contactam nas mídias para tirar dúvidas, perguntar que rumo seguir, o que fazer...
Com o apoio do livro As Aventuras Sensoriais de Théo, pude levar informação para muitas escolas e instituições.
Trabalhar com isso é algo muito prazeroso, traz alegria infinita ao meu coração. Cada vez que visito alguma escola ou converso sobre autismo com alguém que não tinha nenhum conhecimento sobre isso, sinto que uma pequena semente foi plantada. Com carinho, empatia e respeito, essa semente se tornará em uma linda planta de aceitação genuína das diferenças.
Para que esse trabalho tenha continuidade, preciso da sua contribuição.
Acesse o link do projeto e veja as maneiras de ajudar. Tenho certeza que juntos chegaremos ao 100% da meta para continuar essa missão!



domingo, 1 de julho de 2018

As Aventuras Sensoriais de Théo


No mês de maio de 2018, o livro As Aventuras Sensoriais de Théo foi lançado, na livraria A Página.
Foi um sonho realizado. Com toda a correria do lançamento, entrevistas, divulgações, palestras, enfim, o blog acabou ficando abandonado.
A história é dividida em quatro capítulos, denominados Sensações, e cada um deles relata um episódio da vida do Théo, um menino muito especial.
Estou muito feliz com o lançamento, pois esse livro foi muito sonhado e imaginado. Com certeza a ilustradora Michelline captou toda a essência da história, pois as imagens ficaram maravilhosas!
Os livros estão disponíveis para a venda na livraria A Página ou diretamente comigo, através do email: carolzinha.helena@gmail.com

Obrigada a todos que me apoiaram e ajudaram a tornar esse sonho realidade.

Abaixo, algumas fotos do lançamento, palestras e na Feira do Livro, em que o Théo marcou presença.











terça-feira, 19 de dezembro de 2017


O essencial é invisível aos olhos





Somos pessoas únicas. É mesmo interessante perceber que cada ser humano pensa de uma maneira completamente peculiar e inimitável. Isso vem de berço, de gerações. Existe uma carga genética sim, mas, acima de tudo, são as pessoas com as quais convivemos que moldam quem nos tornamos. 

Ou nos tornaremos. 

Enfim, seja para imitar ou ser absolutamente diferente de determinada pessoa, estamos numa espécie de espelho de trezentos e sessenta graus. Tudo o que fazemos refletirá mais adiante. 

No que tange à nossa personalidade, pode-se dizer que ela é algo substancial, somos dessa forma indiferente das circunstancias. É essência.  Será mesmo? Algumas coisas sim, mas muito da nossa personalidade difere de acordo com o meio. 

Se você é uma pessoa extrovertida e faz amizade fácil, mas está em um meio de pessoas fechadas e pouco amistosas, você acabará se adaptando ao local, ao ambiente. 

Somos metamorfose.

 Somos camaleões.

Da mesma forma, uma pessoa fechada e silenciosa que encontra um ambiente acolhedor e compreensivo pode se transformar. As pessoas com as quais você convive transformam você. 

Quer queira e perceba, ou não.

A frase, cujo autor desconheço, que me atraiu significativamente essa semana fala: “Eu gosto mesmo é de quem desperta o melhor que eu posso ser”. 

Nossa, eu curti essa frase. Ela traduziu minhas descobertas principais no ano que está findando. 

Convivi por anos com pessoas que olhavam para mim pelo que eu fui aos vinte anos. Só as coisas ruins, as boas lhes escaparam à memória... Ironicamente. Hoje, às margens dos trinta e três anos, sou uma pessoa absolutamente diferente.  Mas não para aquelas pessoas. Para elas, eu não mudarei nunca. 

Pessoas que pararam no tempo. Que interpretam o presente baseados no passado.

Bem, o passado passou, assim como a minha preocupação com o que essas pessoas pensam de mim. 

Hoje dou novas chances a mim mesma. 

Diariamente.

Dou-me chance de errar, de tentar de novo. De mudar. Aprendi a ser eu mesma, e quer saber, gostei mais de mim assim.

Eu sinceramente prefiro ser essa metamorfose ambulante. O resto da canção sua mente completou, não é?

Ser o melhor que podemos ser tem muito mais a ver com quem escolhemos para estar ao nosso lado, do que com jornadas interiores complexas. Se estamos ao lado de pessoas que querem ver nosso lado bom, automaticamente seremos melhores.

Você pode fazer tudo errado, fazer o comentário mais desnecessário, dar a risada mais inapropriada... Mas se estiver com as pessoas certas, isso não será um problema. 

O essencial é invisível aos olhos, não é? Se você estiver verdadeiramente disposto a ver... O bem, o lado bom, a boa intenção por trás da atitude errada... Você verá. É questão de treinar o olhar.  

Afinal, julgar é tão fácil que chega a ser enfadonho. Prefiro o desafio. Prefiro imaginar que não é como eles dizem, como julgam. Prefiro imaginar o melhor. E, a cada novo dia, procuro por pessoas que pensem assim.
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017



Sobre a imortalidade



Somos seres imortais. Não deixamos de existir, mesmo que a nossa matéria pereça. Certamente alguém mais cético vai dizer que isso é papo de religiosidade, toda aquela história de céu, inferno, etc. Mas não, meu texto não tem nenhum cunho religioso.  Quando me refiro à imortalidade humana, não abordo nenhuma crença ou descrença pessoal. É um fato.
Pois bem, vou ilustrar minha ideia. Uma das minhas avós se chamava Helena, nome que carrego em minha existência desde que vim ao mundo. Vó Helena faleceu de câncer, descoberto em decorrência de um acidente de carro, há mais de vinte anos. Era uma pessoa extremamente paciente e gentil. Era prestativa também, pois todas as semanas ela assava pão e cuca de banana para nós. Ambos eram preparados no forno a lenha, de forma que muitas vezes eles passavam do ponto e chegavam até nós com uma cobertura cor de carvão na casca. Mas isso nunca nos impediu de comer. O carinho com que foram feitos sobrepujava qualquer defeito no tempo do forno. Mas se alguém fizesse algum comentário a respeito, minha doce avó não ficava por baixo e exclamava com veemência: “Pelo menos está bem assado”. Estava mesmo. Hoje, quando alguém na família esquece algo no forno, logo o slogan de defesa da vó surge.
Essa é uma prova da imortalidade dela. Claro que há muitas outras. Muitas e muitas frases pronunciadas e gestos realizados por ela que a trazem de volta a vida todos os dias. Ainda ouço a entonação da voz, o sotaque levemente alemão, a bondade em seu olhar quando dizia suas doces frases. “Mas não é todo dia”, ela falava em tom conciliatório, quando nos colocávamos diante de alguma delícia culinária que nos levava a exceder na quantidade. Minha avó era obesa, ainda assim ela usava essa frase sempre que queria comer um pouquinho a mais. Ou então sua máxima, que me faz recordá-la sempre: “Ou é forno, ou é fogão”. Se você fosse visitá-la no horário do almoço e naquele dia ela estivesse assando pão, não haveria comida. Além do pão, claro. Sua lenta habilidade não permitia que administrasse as panelas e o forno ao mesmo tempo. Ainda assim, priorizando um deles, seus casquinhos escureciam, imagine se estivesse fritando carne ou cozinhando arroz... Era uma decisão bastante sábia.
Ao contrário de minha avó, tenho a habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Enquanto faço o almoço, bato e asso bolo. Meus casquinhos não ficam escurecidos. E por isso eu lembro tanto dela. Ela deixou nosso convívio quando eu era uma meninota de onze anos. Nunca tive a oportunidade de lhe servir um almoço cozinhado concomitante com o bolo. Nunca pude mostrar essa habilidade que desenvolvi. Mas, quem sabe, daqui uns bons anos, quando eu estiver cozinhando para meus netos, essa agilidade e destreza se deteriorem. Aí vou descobrir que, em função da lentidão que a idade avançada produz, não poderei mais assar um bolo e preparar o almoço ao mesmo tempo. Nesse caso, direi para meus netinhos, com o mesmo carinho e gentileza da minha avó: “Hoje não tem almoço... Ou é forno, ou é fogão”...
É maravilhoso perceber o quanto as pessoas que amamos são imortais. E essa imortalidade nos é apresentada em fatos tão pequenos, tão ínfimos. Meu marido perdeu sua avó há pouco mais de um ano. Ela também era uma pessoa excepcional por seu altruísmo. Todos os domingos eu costumo me lembrar dela, no momento em que estou preparando o creme da maionese. Quantas vezes, ao misturar o óleo, o creme desanda e fica dessorado? Imediatamente a vó Laura surge em minha mente, dizendo com propriedade: coloca água, já conserta. E conserta, viu? Nunca mais perdi meus cremes de maionese graças a ela. Mesmo depois de sua partida, seu ensinamento ficou. Como tantos outros. Ela jamais morrerá para mim.
Enfim, eu precisava falar dele, meu amado pai. Todos os anos, no dia de finados, ele se levanta bem cedo e ia até o cemitério. Na entrada, comprava um pequeno arranjo de flores. Subia lentamente e buscava no meio de tantas lápides quase todas iguais, aquela que se distinguia pela pessoa que repousava ali, pela essência que trazia. No caso, era o túmulo dos meus avôs. Ele parava, olhava por um tempo e fazia uma oração silenciosa. Não era muito demorada, pois ele era um homem de poucas palavras. E afinal, as coisas mais importantes são rápidas de dizer: “Eu te amo”, “sinto sua falta”, “espero que esteja bem”. Em seguida, ele procurava um lugar para acomodar o vasinho. E assim era sua visita ao cemitério no dia dois de novembro. Em silêncio, concentrado... Como um ritual.
Pode ser que para você não faça sentido essa tradição. “Você deve fazer pelas pessoas enquanto estão vivas”, você dirá. “Os mortos não poderão admirar as flores”. Não se trata disso. Que devemos amar as pessoas enquanto elas estão entre nós é verdade irrefutável. No entanto, depois que eles partiram, pouco nos resta fazer. A não ser preparar a comida que eles gostavam, repetir as frases que eles falavam, refazer os rituais que eles faziam... É pouco, eu sei, principalmente depois de tudo o que eles fizeram por nós. Depois da marca imortal que eles deixaram em nossas almas. Eles nunca serão esquecidos e, dessa forma, nunca morrerão.
 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Num outro mundo...



Hoje fomos ao shopping, realizar as compras de Páscoa. Com dois meninos pequenos, fizemos um esquema de divisão: enquanto meu marido encarava as filas e escolhia os chocolates, coube a mim a missão de distrair as duas ferinhas. Não foi nada difícil... Eu os levei à livraria e ficamos mais de quarenta minutos sentados, lendo.
Não pude evitar de ter alguns flasbacks da minha infância e adolescência com essa cena. Enquanto meus meninos desfilavam pelas prateleiras, escolhendo concentradamente as histórias, lembrei-me da jovem Caroline, com seus doze ou treze anos, passeando pelo shopping.
Eu curtia o cinema, assim como o famigerado Mc Lanche Feliz (que agrada meus guris tanto quanto os livros). Também amava passear pelas lojas e sonhar com objetos de consumo de vários tipos. Porém, no momento em que eu entrava pelas portas da livraria, o tempo congelava. O restante não importava mais. Nem coelhos, nem chocolate ou qualquer outra coisa. Era ali o meu lugar.
Enquanto eu caminhava lenta e timidamente pelas prateleiras de livros, meus olhos passeavam com rapidez pelos títulos e minhas mãos acariciavam algumas capas, como se fossem feitas de algo precioso, que pudesse quebrar. Algumas vezes, eu abria um ou outro livro apenas para sentir seu cheiro característico e ler frases aleatórias, numa tentativa de emergir naquela história em um gesto apenas.
Era impressionante o poder que os livros exerciam sobre mim. Quando eu tinha uma história para ler, todo o restante do mundo simplesmente desaparecia. Eu poderia ler no meio da livraria, com várias pessoas passando e conversando ao meu redor. Nada importava. Eu estava dentro da história, nada poderia me tirar dela. Era como se, ao abrir um livro e pousar meus olhos sobre suas letras, uma nova dimensão se dispusesse diante de mim e eu adentrava por ela, fechando a porta para o resto que ficou do outro lado.
Não importavam festas, encontros de amigos, reuniões familiares. Aliás, todas essas coisas me eram enfadonhas e aborrecidas na fase da adolescência. Talvez eu realmente tivesse um grau não diagnosticado de autismo, onde meu ponto de equilíbrio para escapar da realidade tumultuada de vozes, cores e estímulos, eram os livros.
O meu mundo. Onde eu podia deixar exacerbar toda a sensibilidade que eu tinha dentro de mim, e que ninguém do lado de fora parecia conseguir compreender. As letras, versos e palavras foram meu refúgio durante anos. Embora hoje eu seja mais “incluída” socialmente, ainda é ali que me sinto em casa. Quando estou lendo ou escrevendo, sou eu mesma. Fora disso, só quem consegue mergulhar em minha essência pode me compreender. E acredite, são poucos...
Sou um verso em eterna construção num mundo em que poesia, arte e sensibilidade não tem a menor importância. Sou uma linha espiral no meio de formas retas e ângulos exatos. Ainda não me encaixo em lugar nenhum nessa sociedade... Mas enquanto houver livros, vai estar tudo bem.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017





Trem Bala – Ana Vilela
 
“Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós.”
Um dia desses, escutei essa música e a desfrutei como a um poema. Ela ficou na minha cabeça por dias e eu aproveitava cada verso que minha mente foi capaz de memorizar. Vivi as verdades cantadas nos versos e refleti sobre minha própria existência e convívio com as pessoas ao meu redor.
E quer saber? Descobri que estava fazendo muita coisa errada. É, às vezes uma música nos ajuda a entrar no nosso próprio subconsciente e encontrar respostas que estavam ali o tempo inteiro, mas nosso orgulho as tapava com as mãos para que não enxergássemos e aceitássemos.
O orgulho é uma coisa interessante. Ele é o típico enrustido. Está lá, para todos verem, mas não aceita a si mesmo. É lógico que não vamos aceitar o orgulho. Ele é a prova sincera de que estamos errados e olhando apenas pelo nosso ponto de vista.  Orgulho bate de frente com a empatia. Os dois nunca dividirão o mesmo recinto.
Todas as evidências de que estamos agindo de modo orgulhoso se desmascara diante de nós quando nos determinamos a aceitar esse fato. O orgulho é tão dissimulado que nos impede de aceitar que estamos agindo de forma orgulhosa. É o orgulho disfarçando o próprio orgulho...
Mas enfim, meu estopim foi essa música. Eu me peguei pensando em problemas de relacionamentos com algumas pessoas e finalmente entendi o problema da situação: faltava-me empatia. Sim, essa palavra curtinha que é capaz de resolver todos os problemas do universo humano.
Os seres humanos, por si só, tem a tendência de autodefesa e autopiedade diante dos conflitos. A capacidade de se colocar no lugar do outro é algo a ser exercido, não vem naturalmente. O natural é procurar defesas, motivos para se justificar.  E com isso, quantos abismos são construídos entre pessoas que deveriam se dar bem. Muros invisíveis e silenciosos, quase tão intransponíveis quanto a Grande Muralha da China, separando irmãos, primos, cunhados, amigos... E no fundo, tudo o que faltava era um momento de clareza das partes envolvidas para admitir o próprio orgulho e se colocar no lugar do outro.
Tantos julgamentos, diz-que-me-disse, rostos virados e corações enregelados. Tanta falta de perdão por coisas pequenas e falhas humanas comuns, das quais deveríamos apenas rir e nos desculpar. Mas somos capazes de, teatralmente, virar o jogo e transformar tudo a nosso favor. O orgulho é o melhor advogado de defesa que existe. Ele sempre vai te defender. Para ele, você sempre estará certo. Mas cuidado. Muitas vezes estar certo não é tão interessante quanto estar em paz. Consigo e com os outros.
“É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo
Em todas as situações
A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim”

Um dia tudo vai passar. As palavras podem ferir, mas o tempo vai apagando suas marcas e logo as coisas se tornam irrelevantes. Só a falta do convívio sincero com as pessoas que queremos bem não vai se apagar.
Pode ser até que você esteja absolutamente certo com relação a certo conflito e a outra pessoa seja a verdadeira e única culpada (o que eu sinceramente duvido, pois sempre há dois lados). Indiferente disso, pergunte-se, sem a interferência do seu advogado orgulho, vale a pena? Estar certo e longe é melhor do que a reconciliação sincera, humilde e verdadeira?
O tempo não é nosso aliado... Ele segue passando, não se preocupando com os momentos que você deixou de vivenciar ao lado de pessoas queridas por conta de intrigas e desentendimentos. Ele também não vai voltar atrás. Ele segue em frente. Sempre. Não seja inimigo dele, mas aproveite-o com toda a sua magnitude. Ame, perdoe, aceite os erros dos outros. Mesmo que seja difícil. Mas vale a pena. Pode acreditar. Quando você ou eles partirem, que fiquem apenas as boas recordações e aquele gostinho de “quero mais” que só as pessoas amadas são capazes de proporcionar à nossa alma...

“Segura teu filho no colo
Sorria e abraça seus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir”